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Os termos “soft skills” e “hard skills” surgiram na década de 1970, mas essa terminologia já não faz sentido. As competências técnicas e as sociais são ambas relevantes e devem ser tratadas como complementares, não como exclusivas.

Vamos parar de chamar soft skills às competências sociais

Escrito por Susana Correia, Head of Talent Acquisition da Neotalent

Neste artigo, rebatizamos as “soft skills”, argumentando que esta definição não reflete a complexidade e crescente relevância das competências sociais na contratação de novos profissionais e na evolução das suas carreiras.

Cada vez mais se fala na importância das soft skills no momento de contratação de novos colaboradores. De acordo com o relatório Global Talent Trends (2019) do LinkedIn, 89% dos recruiters dizem que quando uma contratação não resulta, por norma, a falha está relacionada com a falta de competências sociais.

Mesmo numa área tão especializada como a de TI (Tecnologias de Informação), há processos de recrutamento em que as competências sociais pesam mais do que as técnicas. Se pensarmos num exemplo, talvez seja mais óbvio: um Project Manager que não saiba trabalhar em equipa dificilmente conseguirá evoluir nessa função e ter sucesso.

A verdade é que estas denominadas soft skills têm muito pouco de soft. Afinal de contas, estamos a falar das competências interpessoais e sociais, que refletem (também) o caráter de cada pessoa. Espelham a atitude e/ou o mindset de alguém, e para as quais contribuem a experiência, a maturidade e o autoconhecimento.

As competências sociais não são competências “fáceis” ou “simples”. Estão ligadas à nossa personalidade, mas impactam grandemente a forma como aprendemos, como trabalhamos, como alcançamos resultados. Requerem atenção, e é com muita persistência e vontade que as podemos trabalhar. Porém, se o fizermos, e nesse processo descobrirmos as nossas forças, o nosso método de trabalho, e os nossos valores enquanto profissionais, certamente estaremos no caminho certo para desenvolver a nossa carreira.

Atrevo-me a ir um pouco mais longe. Paremos para refletir sobre o seguinte exemplo: sem resiliência (uma competência social) é muito difícil - quase impossível, diria até - aprender uma competência técnica nova (popularmente conhecida como hard skill). Se uma pessoa não for resiliente, terá muitas dificuldades em conseguir insistir e não desistir até dominar uma determinada valência técnica. Num processo de aprendizagem, é preciso saber lidar com a frustração, e persistir até atingirmos os objetivos definidos. Ora, como é que podemos fazer isso sem determinadas competências sociais?

Creio que entendem onde quero chegar. Não serão, então, as competências sociais também difíceis (“hard”) de desenvolver?

As “soft” skills não são fáceis

Qualquer interação que tenhamos - seja no nosso ambiente de trabalho ou noutro - exige um certo nível de proficiência numa (ou em várias) “soft” skills. Dentro da empresa, pode ser no momento de entrevista, na negociação com o cliente, ou até mesmo em reuniões de equipa.

São as competências sociais que nos ajudam a comunicar, a criar relações, e a evoluir enquanto pessoas. Por isso são tão exigentes e tão importantes. São a base de aprendizagem para qualquer competência técnica que precisemos de adquirir.

Por isso, acredito, e defendo, que devemos parar de chamar “soft skills” às competências sociais.

A meu ver, chamá-las “soft” é estarmos a diminuí-las em detrimento das “hard” skills (competências técnicas). A realidade é que as competências técnicas e as sociais ou interpessoais cumprem objetivos diferentes, que se complementam. Não são polos opostos. São, sim, duas faces da mesma moeda que, trabalhadas em simultâneo, resultam em excelentes profissionais.

Competências sociais são competências humanas

Simon Sinek, orador da TED talk mais vista de sempre e autor de livros como Start With Why ou The Infinite Game, defende, assertivamente, que as “soft” skills são tudo menos “soft” e que deveríamos referir-nos a estas competências como “human” skills.

Neste vídeo, Simon distingue os dois tipos de competências (“hard” e “soft”) de uma forma muito sintética e simples: as competências técnicas são aquelas que nos permitem fazer o nosso trabalho - seja ele qual for -, e as competências pessoais (a que Sinek chama “human” skills) ajudam-nos a ser melhores seres humanos.

A importância das competências sociais na Neotalent

Saber valorizar a diversidade e complexidade técnica da capacidade profissional de alguém, tendo em consideração o seu caráter e as suas competências pessoais, pode fazer a diferença quando é conduzido um processo de recrutamento e feita uma nova contratação.

Assim, torna-se cada vez mais claro que, hoje em dia, um(a) bom/boa profissional é aquele(a) que detém algum equilíbrio entre as suas competências técnicas e sociais. Este equilíbrio não tem todo a mesma medida. Vai variar com a própria missão, com a cultura do cliente final, com a função a desempenhar, com a equipa em que vai ser inserido(a). Um(a) profissional com larga experiência e carreira feita no setor da Banca pode não vir a adaptar-se ao ambiente de uma start-up Fintech. E isso é perfeitamente natural, desde que reconhecido.

Na Neotalent, apostamos nas nossas pessoas. Há mais de 24 anos que nos dedicamos a encontrar a pessoa certa para o desafio certo, no momento certo. É, por isso, fundamental, olhar para o(a) candidato(a) como um todo. É necessário conseguir ver além das competências técnicas, fundamentais no mercado das TI, e conjugá-las com caraterísticas pessoais que irão destacá-lo(a) num determinado projeto ou desafio. Porque isso vai ser decisivo para o desenvolvimento da sua carreira. E, na Neotalent, queremos que seja longa e plena.

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Susana Correia

2022-09-12

Susana Correia

Head of Talent Acquisition

Mulher, mãe em constante aprendizagem e há mais de 10 anos a trabalhar na atração de talento, uma área que me apaixona e desafia todos os dias. Gosto da sensação de libertação que uma viagem me dá, e por isso fiz das viagens o meu hobby nos últimos anos, mas nada se compara ao regresso a casa e aos nossos.

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